22/07/2016

Do terror, II

Enquanto a imprensa e algumas pessoas continuarem a destilar ódio e a culpabilizar uma religião pela acção de uns poucos, tudo está bem. Analisa-se de um modo dualista, do nós contra eles, e mete-se tudo no mesmo saco: terroristas, árabes, refugiados, o Islão. A sacra superioridade moral europeia contra o resto.

Mas acho que vamos ter um problema muito maior para resolver quando a reacção ao terror for mais terror. Quando o ódio sair das páginas de jornal e das bocas para as ruas, para as mesquitas, para as montras das lojas. E para o justificar, lembrar que o anti-semitismo, por exemplo, fez mais mal ao mundo que os judeus.

15/07/2016

Do terror, I

Há um conto árabe, muito antigo, que se conta assim: um cavaleiro, a caminho de Bagdade, encontrou uma velha seguindo também para lá, apressada. “Porque te apressas para Bagdade?”, perguntou o cavaleiro. “Porque eu sou a Peste e vou lá tirar cinco mil vidas”, disse a velha. O cavaleiro apressou-se ainda mais e avisou os cidadãos de que a Peste vinha aí. Dias depois, quando o cavaleiro abandonava a cidade voltou a encontrar a velha. Disse-lhe que o havia enganado, que em vez de cinco mil vidas havia tirado cinquenta mil.

- Não. – disse a Peste – Cinco mil e nenhuma mais. As outras foi o Medo que as tirou.