17/11/2020

Do Fascismo (II)

Já aqui tinha escrito, na altura do Avante, sobre o combate que a direita preferia fazer à esquerda, nomeadamente o BE e principalmente o PCP, em detrimento de combater forças políticas não-democráticas. Na altura, ficou uma coisa por dizer, porque ainda não se tinha materializado e eu não esperava que viesse a acontecer tão cedo.

Aconteceu nos Açores. Aquelas boçalidades que o Ventura diz são para ser combatidas, que disso não haja dúvidas, mas o facto dessas provocações e polémicas serem mediatizadas até à exaustão tira importância às questões sociais e económicas do seu programa. Por exemplo, quando o Ventura fala na redução de impostos só têm em vista uma coisa: reduzir a receita, para reduzir a despesa. Isso traz o óbvio desmantelamento do pouco Estado Social que já temos e que, vê-se agora, nos é tão necessário. E se calhar é por causa disso que o PSD e o CDS ficam tão calados.

Acresce um factor, essencial no caso dos Açores: o arquipélago tem a taxa mais elevada de risco de pobreza ou exclusão social do país, que deve andar acima de 1/3 da população açoriana. Deixem-nos à solta com a questão dos subsídios (que foi um dos pontos referidos do acordo) e depois voltem lá para apanhar os cacos.

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