11/01/2021

Do Covid (II)

Até agora, as quase 8000 mortes relacionadas com o Covid aconteceram não por falência do sistema, por falta de cuidados de saúde, mas porque simples e infelizmente não foi possível salvar essas pessoas. Agora, um novo facto da pandemia começa a fazer sombra. Com o número de casos diários a aumentar exponencialmente, e com o proporcional aumento nos casos graves e nos internamentos, isso vai acontecer. Vão morrer pessoas porque os recursos humanos e materiais não vão chegar.

O SNS vai falhar. O Estado vai falhar. É claro que nós estamos habituados a isso. Basta relembrar Tancos e os incêndios de 2017, só para referir os casos mais óbvios desta administração de condomínio. E relembrar que, dos milhares de consultas, testes e exames de diagnóstico que foram adiados e cancelados por força de um sistema de saúde mono-temático resultou, inevitavelmente, em milhares de pessoas que não tiveram um tratamento adequado, e em muitos casos insuficiente para salvar essas pessoas.

O novo facto é que agora também esse sistema de saúde que se tornou mono-temático pode falhar. A tragédia pode ser enorme e é resultado do pouco ou nenhum investimento que durante a última década foi feito no SNS, propositadamente, com o intento de o tornar ineficiente para, depois, desmantelar e privatizar. É claro que nós estamos cá para pagar, seja na carteira ou no lombo.

Tudo isto para dizer uma ou duas coisas: que o Estado nos vai falhar, mais uma vez, e desta vez com uma magnitude maior. Que enquanto os nossos impostos continuarem a ir para a banca, para os conluios entre os grandes partidos, o sector privado e as PPP’s, e alguns se continuarem a preocupar com o RSI destes ou daqueles não vamos sair da cepa torta. E que podemos fazer alguma coisa em relação a isto já no dia 24 de Janeiro.

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